sexta-feira, 12 de outubro de 2007

A Caridade

Quando amamos o mais pobre, fisicamente ou espiritualmente, praticamos a caridade.

A Caridade não é só dar algo que já não nos faz falta. Não é só mandar um contentor de roupa, livros, ou bens alimentares para um país distante, para os “pobrezinhos” do terceiro mundo, quando até nos questionamos o destino que lhe é dado nas alfândegas. Não é atirar a moeda para o cesto do pedinte ou para a mão do arrumador. Isso é dar esmola, é ter (muita) pena, é calar um problema em vez de trabalhar pela solução.

A Caridade é muito mais. É dizer bom dia e perguntar se está tudo bem. É dar a mão sem que o peçam. É servir sem esperar um obrigado (ele surgirá naturalmente). É sorrir para fazer sorrir. É sujar as mãos, como o samaritano, para levantar quem está caído. É descer do pedestal em que os galões (Sr., Dr., Eng., …) nos colocam pois só assim estaremos a um nível que nos permita abraçar o irmão.

Resumindo, como a amizade, a Caridade é uma forma de amar. É amar o que tem uma ou varias necessidades. É olhar para a necessidade como um desafio a superar. É desafiar (como o faço hoje) aqueles que vivem no seu “gueto”, preferindo ignorar o “resto”. Porque não é pobre apenas o que não tem “pão”. Também o é aquele que se acomoda e não lho dá.

Senão vejamos o texto de um e-mail que recebi:
«Um dia, um pai de família rica, grande empresário, levou seu filho para viajar até um lugarejo com o firme propósito de mostrar o quanto as pessoas podem ser pobres. O objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía, o status, o prestígio social; o pai queria desde cedo passar esses valores para seu herdeiro. Eles ficaram um dia e uma noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo.
Quando retornavam da viagem, o pai perguntou ao filho:
- E aí, filhão, como foi a viagem para você ?
- Muito boa, papai, respondeu o pequeno.
- Você viu a diferença entre viver com riqueza e viver na pobreza ?
- Sim pai ! Retrucou o filho, pensativamente.
- E o que você aprendeu, com tudo o que viu nesses dias, naquele lugar tão paupérrimo ?
O menino respondeu:
- É pai, eu vi que nós temos só um cachorro em casa, e eles têm quatro. Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim, eles têm um riacho que não tem fim.Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm as estrelas e a lua no céu. Nosso quintal vai até o portão de entrada e eles têm uma floresta inteirinha. Nós temos alguns canários em uma gaiola eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas !
O filho suspirou e continuou:
- E além do mais papai, observei que eles rezam antes de qualquer refeição, enquanto que nós em casa, sentamos à mesa falando de negócios, dólar, eventos sociais, daí comemos, empurramos o prato e pronto ! No quarto onde fui dormir com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer orar, enquanto que ele se ajoelhou e agradeceu a Deus por tudo, inclusive a nossa visita na casa deles. Lá em casa, vamos para o quarto, deitamos, assistimos televisão e dormimos. Outra coisa, papai, dormi na rede do Tonho, enquanto que ele dormiu no chão, pois não havia uma rede para cada um de nós. Na nossa casa colocamos a Maristela, nossa empregada, para dormir naquele quarto onde guardamos entulhos, sem nenhum conforto, apesar de termos camas macias e cheirosas sobrando.
Conforme o garoto falava, seu pai ficava estupefato, sem graça e envergonhado. O filho na sua sábia ingenuidade e no seu brilhante desabafo, levantou-se, abraçou o pai e ainda acrescentou:
- Obrigado papai, por me haver mostrado o quanto nós somos pobres!»

Depois deste texto resta-me continuar a amar todos os pobres, principalmente estes que têm que despertar da sua pobreza, porque também eles têm que amar desta forma tão especial, a CARIDADE.

DS

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